29 maio 2009



Espera


Vai brincar com as estrelas!
Teu destino azul te segues
e teu silêncio me emudece.

Pelos vitrais dos meus olhos
espio cometas que saem de ti
arranco-te aos pedaços
como se despetala brutalmente uma flor.

Por onde tu vais
eu irei na direção da tua luz:
clarões a me guiar
como mísseis atômicos.

E quando o finito arrancar do teu peito
todo o caos
eu ainda estarei lá.


Sonho


Eis me aqui a galopar contigo por entre os sóis;
o vento foge por nossos dedos
e os poetas renascerão de um vulcão
as lavas queimarão nossos rastros.

Deixais que eu repouse
na palma da tua mão
e que sem pressa eu acorde
pois tu, em sentinela e vigília profunda
me velarás e me contarás os teus segredos.

E eu, tonta de amor, te beijes
e teus lábios selem os meus
depois de uma noite chuvosa.

E na manhã de sol
num segundo instante,
tu te ausentarás de tal maneira
que ainda posso sentir
que estás ao lado meu.

Ana Cristina Souto


Tarda, amor!


Como uma sombra em silêncio
segues cada passo teu;
sinto o mistério do teu perfume
em cada vão momento meu.

Se não posso amar-te,
deixes que tua sombra me persigas
assim, me servirei do teu silêncio
acalentando meu coração outra vez.

Sabe, amor,
lembro dos sonhos que desfiz
à espera do preço por querer-te
tortura infinda...
que por ventura, eu escolhi.

Tarda , amor!
Mas voltes com a tua sombra
para me dar abrigo
e não me deixes acordar dessa quimera
e o sol se cobrirá de amarelo como o outono
desfolhando o passado de nós dois.

Ana Cristina Souto





Se não viesses nunca


Se não viesses nunca
eu jamais saberia o que era amar
e a dor de perder-te.

O teu semblante
nada disse aos meus olhos.
Nem ilusão restou
à renúncia suprema da tua face.

Tu foste o ser mais amado!
Olho ao redor e não te vejo.
Eu te disse que vinha e vim,
vã ilusão que me entorpece.

Eu quero, nem que seja
a tua sombra
à pisar em ti entre o orvalho da vida

Se não viesses nunca
eu jamais saberia o que era amar
e a dor de perder-te.