24 maio 2008

Ana Cristina Souto


Feitiço das mágoas



Aquele homem
Cujos pilares gregos
transitava meu caminho
e fitavam-me
os olhos
abrigo de luas,
se foi!

O bambual chorou,
palavras fraturaram almas.
Enegrecido o sol
dos pomares...

Meu senhor,
meio seio secou!

O rio da saudade
rio/ enchente/ fel
amargou a imagem dos narcisos.

Urdia o tempo
e nuvens,
vestígios do meu pranto rarefeito
prenunciavam cantos das trombetas.

Enfeitiçada pela dor;
estátua de ilusões
por onde tantos passavam,
os passarinhos se aninhavam às mãos.

Meu senhor,
em desassossego
entre sais, ventos e sóis
trago-te a mim,
aclamando
ao tomento meu
de morta viva.

23 maio 2008

Manuel Bandeira


Não te doas do meu silêncio:

estou cansado de todas as palavras.

Não sabes que te amo?

Pousa a mão na minha testa:

captarás numa palpitação inefável

O sentido da única palavra essencial:

- AMOR .