10 junho 2007

Ana Cristina Souto


Em ti


Em ti
minha voz tempestuosa
encontra paz
dos teus anseios lavrados.

Em ti
descobri o silêncio duro
que renega como escudo
à minha tola intrepidez.

Em ti
pus amarra nos punhos
sacrifiquei tua doçura
para manter-me dignamente pura.

Em ti
morri e removi montanhas
talhei em mármore teus olhos claros
que reluzem o pó do meu tesoiro.

Em ti
Ah! Em ti!
Amei-te como quem lava um leproso
e das fímbrias do meu ser
lambi tuas feridas e entranhas
cuspindo o mal à tua cura.

Em ti
ressurjo poisando no cimo
das tuas costelas
que as dedilho brincando
num ábaco
enumerando as meias-verdades
revelando a brisa passada
no dia em que contavas
tuas sublimes sardas.

Em ti
não há estação que adorne
a saudade do turbilhão
dos beijos que ora me deste.

Em ti
foram as maçãs do teu rosto
que comi pecaminosamente
sem remorso aparente
matando a fome do meu ventre.

5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Linda poesia ,Ana!!!

Não conhecia teu blog.Agora que sei o caminho ,irei dissecá-lo!!

bjs!

11 junho, 2007 06:06  
Blogger Aroeira said...

nooossa! como sempre, um poema voluptuosamente visceral!
bela vc!
sua pegada é forte, com toda a brandura como pano de fundo.
bacio, ragazza.

26 junho, 2007 05:01  
Anonymous Anônimo said...

Na nota lá
um dedo mexe os lábios
e o sol brame.

te abraço
sedutora mulher.

02 julho, 2007 21:18  
Blogger http://www.youtube.com/watch?v=HurA3M_CBJY said...

POESIAS "CLEANS", LIMPAS , CLARAS.
POESIA DA ALMA
POESIAS QUE SEMPRE PROCURAMOS
POESIAS QUE ESTÃO TODAS AQUI

OBRIGADA AMÉLIA

08 julho, 2008 08:49  
Blogger O que Cintila em Mim said...

Recebi um livro do Rogério da PP-orkut onde o título era EM TI.
E dentro a sua poesia deslumbrante.

01 fevereiro, 2009 18:56  

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