Ana Cristina Souto

No cume da noite
Rompo o tempo com uma canção de bolero
Persigo minhas presas como uma pantera faminta
Saboreio a caça com total serenidade
Converto meus anseios em fome saciada
Renego as memórias ancestrais
Venço o dia com o suor do meu cansaço
Glorifico cada instante como sendo o último passo
Concebo o mundo como um enigma decifrado
Evoluo com a idade do calendário
Experimento a insensatez da lúcida esperança
Distraidamente chuto as pedras do caminho
E desbravo horizontes com a minha peregrina jornada
Fujo de mim e esqueço inúmeras verdades
das sombras e das escuridões
Uma ilusão alada
Encorpora-se ao meu coração
Permaneço em repouso
Um cheiro de ervas inebria o luar
Escalo cumes para tocar as estrelas
E finco minha bandeira na noite devassada.
Ana Cristina Souto
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